"Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno" (Ap 1.7,18).
Verdade Prática:
Embora humilhado e ferido de Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou e, gloriosamente, voltará como Rei dos reis e Senhor dos senhores.
Leitura Bíblica em Classe:
Apocalipse 1.9-18
Objetivos:
* Explicar o conceito e o objetivo da encarnação de jesus;
* Reconhecer que Cristo é o humilhado e ferido de Deus;
* Compreender os eventos que abarcaram o Cristo Glorificado.
Palavra Chave:
Cristo: Do hb. "messiah", ungido; do gr. "christós", ungido; significa Salvador do mundo.
Introdução
Enquanto João estava preso e exilado na Ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo, ele foi arrebatado em espírito e teve uma das mais magníficas visões do Cristo Glorificado. É esse o tema principal de nossa lição de hoje. Detalharemos o que João viu e relatou sobre o assunto no livro do Apocalipse. Nesta visão ele pode contemplar o
Senhor Jesus em toda a sua manifestação de glória e poder. Ele nos traz uma das
mais lindas descrições do Filho de Deus nos céus, aquele que foi morto, mas
ressuscitou e hoje esta à destra de Deus, vivendo sempre a interceder pela sua
Igreja (Rm 8.34). Quando os cristãos estavam morrendo, sufocados pelo Império,
eis que o Cristo glorificado aparece, revelando que, embora tendo sido morto,
ele está vivo pelos séculos dos séculos. Para aqueles crentes primitivos, nada
poderia ter servido melhor para despertar as esperanças do que esta visão do
Cristo Exaltado e Triunfante. A igreja estava sufocada pela tirania do império,
mas eis que o Cristo ressurreto surge para mostrar que ele, a Rocha dos Séculos,
tem a vitória em suas mãos e todos aqueles que são dele são mais do que
vencedores, enquanto que, certamente os inimigos da cruz receberão sua
recompensa, à parte de Deus.
I. O Cristo Encarnado:
A fé na Encarnação verdadeira do Filho de Deus é o sinal distintivo da fé
cristã: "Nisto reconheceis o Espírito de Deus. Todo espírito que confessa que
Jesus Cristo veio na carne é de Deus" (1Jo 4.2). Esta é a alegre convicção da
Igreja desde o seu começo, quando canta "o grande mistério da piedade": "Ele foi
manifestado na carne" (1 Tm 3.16). Esta alma humana que o Filho de Deus assumiu
é dotada de um verdadeiro conhecimento humano. Enquanto tal, este não podia ser
em si ilimitado: exercia-se nas condições históricas de sua existência no espaço
e no tempo. Por isso O Filho de Deus, ao tornar-se homem, pôde aceitar "crescer
em sabedoria, em estatura e em graça" (Lc 2.52) e também informar-se sobre
aquilo que na condição humana se deve aprender de maneira experimental. Desde os tempos apostólicos a fé cristã insistiu na verdadeira Encarnação do
Filho de Deus, "que veio na carne". Mas desde o século III a Igreja teve de
afirmar, contra Paulo de Samósata, bispo de Antioquia entre 260 e 268, em um
concílio reunido em Antioquia, que Jesus Cristo é Filho de Deus por natureza e
não por adoção. O Concílio de Nicéia, em 325, confessou em seu Credo que o Filho
de Deus é "gerado, não criado, consubstancial (homousios) ao Pai" e condenou,
que afirmava que "o Filho de Deus veio do nada" e que ele seria "de uma
substância diferente da do Pai.
1. A encarnação:
A encarnação foi o ato pelo qual a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade foi
concebida, virginalmente, no ventre de Maria (Is 7.14; Lc 1.27). Neste ato
sobrenatural, Cristo, o Filho de Deus, fêz-se homem tomando para si um
verdadeiro corpo e uma alma racional sendo concebido pelo poder do Espírito
Santo no ventre da Virgem Maria, da sua substância e nascido dela, mas sem
pecado. (Jo 1.14; Mt 26.38; Lc 1.31, 35-42; Hb 4.15, e 7.26).
2. O objetivo da encarnação:
A redenção do pecador exigia que houvesse um Redentor com ambas as naturezas, a
divina e a humana: Essa foi uma exigência decidida no conselho Trinitário acerca
do pacto da redenção. O Redentor tinha de ser DEUS para ter o poder de redimir e
tinha de ser homem para poder sofrer no lugar daqueles que haveria de redimir. A Confissão de Fé de Westminster, elaborada no século 17 afirma o seguinte: "O
Filho de DEUS, a Segunda Pessoa da trindade, sendo verdadeiro e eterno DEUS, da
mesma substância do Pai e igual a ele, quando chegou o cumprimento do tempo,
tomou sobre Si à natureza humana com todas as suas propriedades essenciais, com
suas enfermidades e debilidades, contudo sem pecado, sendo concebido pelo poder
do ESPÍRTO SANTO no ventre da virgem Maria e da substância dela. As duas
naturezas, inteiras perfeitas e distintas - a divina e a humana - foram
inseparavelmente unidas em uma só pessoa, sem conversão, composição ou confusão;
essa Pessoa é verdadeiramente DEUS e verdadeiramente homem, porém, um só CRISTO,
o único mediador entre DEUS e os homens".
II. O Cristo humilhado e ferido de Deus:
O estado da humilhação de Cristo foi aquela baixa condição, na qual, por
amor de nós, despindo-se da sua glória, Ele tomou a forma de servo em sua
concepção e nascimento, em sua vida, em sua morte e depois até à sua
ressurreição (Fp 2.6-8; 2Co 8.9). Cristo humilhou-se na sua concepção e
nascimento, em ser, desde toda a eternidade o Filho de Deus no seio do Pai, quem
aprouve, no cumprimento do tempo, tornar-se Filho do homem, nascendo de uma
mulher de humilde posição com diversas circunstâncias de humilhação fora do
comum (1Jo 1.14, 18; Lc 2.7). Cristo humilhou-se na sua vida, sujeitando-se à
lei, a qual perfeitamente cumpriu, e lutando com as indignidades do mundo, as
tentações de Satanás e as enfermidades da carne, quer comuns à natureza do
homem, quer as procedentes dessa baixa condição (Gl 4.4; Mt 5.17; Is 53.2-3; Hb
12.2-3; Mt 4.1; Hb 2.17-18). Cristo humilhou-se na sua morte porque, tendo sido
traído por Judas, abandonado pelos seus discípulos, escarnecido e rejeitado pelo
mundo, condenado por Pilatos e atormentado pelos seus perseguidores, tendo
também lutado com os terrores da morte e os poderes das trevas, tendo sentido e
suportado o peso da ira de Deus, Ele deu a sua vida como oferta pelo pecado,
sofrendo a penosa, vergonhosa e maldita morte da cruz (Mt 27.4, e 26.56; Is
53.3; Mt 27.26; Lc 22.44; Mt 27.46; Is 53.10; Mt 20.28; Fp 2.8; Gl 3.13). A
humilhação de Cristo depois da sua morte consistiu em ser ele sepultado, em
continuar no estado dos mortos e sob o poder da morte até ao terceiro dia; o
que, aliás, tem sido exprimido nestas palavras: Ele desceu ao inferno (Hades)
(1Co 15.3-4; Mt 12.40).
III. O Cristo Glorificado:
O estado de glorificação de Cristo compreende a sua ressurreição, ascensão, o
estar sentado à destra do Pai, e a sua segunda vinda para julgar o mundo (1Co
15.4; Lc 24.51; Ef 4.10, e 1.20).
1. Ressurreição:
Cristo foi exaltado na sua ressurreição em não ter visto a corrupção na morte
(pela qual não era possível que Ele fosse retido), e o mesmo corpo em que
sofrera, com as suas propriedades essenciais (sem a mortalidade e outras
enfermidades comuns a esta vida), tendo realmente unido à sua alma, ressurgiu
dentre os mortos ao terceiro dia, pelo seu próprio poder, e por essa
ressurreição declarou-se Filho de Deus, haver satisfeito a justiça divina, ter
vencido a morte e aquele que tinha o poder sobre ela, e ser o Senhor dos vivos e
dos mortos. Tudo isto fez Ele na sua capacidade representativa, como Cabeça da
sua Igreja, para a justificação e vivificação dela na graça, apoio contra os
inimigos, e para lhe assegurar sua ressurreição dos mortos no último dia (At
2.24; Sl 16.10; Lc 24.39; Rm 6.9; Ap 1.18; Jo 2.19, e 10.18; Rm 1.4 e 8.33-34;
Hb 2.14; Rm 14.9; 1Co 15.21-22; Ef 1.22-23; Rm 4.25; Ef 2.5-6; 1Co 15.20, 25-25;
1Ts 4.14).
2. Ascenção aos Céus:
Cristo foi exaltado na sua ascensão em ter, depois da sua ressurreição,
aparecido muitas vezes aos seus apóstolos e conversado com eles, falando-lhes
das coisas pertencentes ao seu reino, impondo-lhes. o dever de pregarem o
Evangelho a todos os povos, e em subir aos mais altos céus, no fim de quarenta
dias, levando a nossa natureza e, como nosso Cabeça triunfante sobre os
inimigos, para ali, à destra de Deus, receber dons para os homens, elevar os
nossos afetos e aparelhar-nos um lugar onde Ele está e estará até à sua segunda
vinda no fim do mundo (At 1.2-3; Mt 28.19; Hb 6.20; Ef 4.8, 10; At 1.9; Sl
68.18; Cl 3.1, 2; Jo 14.2-3; At 3.21).
3. A segunda vinda:
Cristo é exaltado em sentar-se à destra de Deus, em ser Ele, como Deus-homem,
elevado ao mais alto favor de Deus o Pai, tendo toda a plenitude de gozo, glória
e poder sobre todas as coisas no céu e na terra; em reunir e defender a sua
Igreja e subjugar os seus inimigos; em fornecer aos seus ministros e ao seu povo
dons e graças e em fazer intercessão por eles (Fp 2.9; At 2.28; Jo 17.5; Ef
1.22; Mt 28.18; Ef 4.11-12; Rm 8.34).
Sinopse:
* Tópico 01: O Cristo Encarnado, fazendo-se filho do homem, manifestou plenamente o
amor de Deus ao mundo.
* Tópico 02: O Cristo humilhado e ferido de Deus, não foi compreendido pelos judeus e
nem pelos gentios. Todavia, ambos, ao receberem Jesus, pela fé, passaram a
entender perfeitamente a morte e a ressurreição do Senhor.
* Tópico 03: O Cristo Glorificado pode ser visto pelas Escrituras nos seguintes
eventos: ressurreição, ascensão aos céus, segunda vinda e triunfo sobre as
forças do mal.
Apocalipse - Versículo por Versículo Autor: Severino
Pedroda Silva Editora: CPAD Ano: 2002
9. “Eu, João, que também sou vosso irmão, e companheiro na aflição, e
no reino, e paciência de Jesus Cristo, estava na ilha chamada Patmos, por causa
da palavra de Deus e pelo testemunho de Jesus Cristo”.
I. “...na ilha chamada Patmos”. A palavra “ilha” ou “ilhas”
encontram-se cerca de 38 vezes nas Escrituras e, alguns dos lugares onde
aparece a palavra “ilha” pode ser traduzida para seu original hebraico “AI”. Os
antigos usavam esta palavra do texto em foco: “ai” como “terra costeira” ou no
sentido hodierno de Continentes. Era termo de designativo das grandes
civilizações gentílicas do outro lado do mar. João, porém, como sabemos não
deixa nenhuma dúvida a seus leitores quanto a “ilha” de seu exílio, esclarece
ele: a “ilha” é “chamada Patmos”.
1. O termo “patmos” significa “mortal”. O sentido original é, em razão
de seu aspecto tristonho representado pela mesma ilha que leva esse nome. No
tempo do império romano, a “ilha de Patmos” serviu de lugar de detenção para
criminosos de alta periculosidade. Atualmente, a “ilha” que leva esse nome, é
chamada “Palmosa”, encrava-se no Mar Egeu no pequeno Continente da Ásia Menor,
tem cerca de vinte milhas de circunstância. A “ilha de Patmos” antes do exílio
de João, não tinha conotação nenhuma com o mundo religioso; depois porém, como
sabemos, se tornou célebre pela prisão e visão ali vivida e presenciada. Lá
existe uma “caverna” chamada “Apocalipse”, onde milhares de pessoas religiosas
realizam uma peregrinação anualmente em rememoração ao sofrimento do Apóstolo
quando ali esteve. Alguns metros dessa caverna, encontra-se a escola grega,
onde existe um salão com uma inscrição posterior ao reinado de Alexandre Magno.
Esta inscrição, fez referência aos jogos olímpicos realizados durante o período
grego. “Na ilha há também o mosteiro de São João, com uma biblioteca fundada em
1088 d.C. construída no formato de uma fortaleza com seus muros ameaçados, onde
há curiosas obras. Em volta do mosteiro, agrupam-se as ruas tortuosas da
Capital da Ilha”.
10. “Eu fui arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouvi detrás de
mim uma grande voz como de trombeta”.
I. “no dia do Senhor”. Existem quatro expressões técnicas no que diz
respeito ao “dia do Senhor” no Novo Testamento: (ver notas expositivas em Ap
16.14) sendo que, cada uma delas, aponta para uma época diferente; por exemplo:
1. Analisemos os quatro pontos seguintes no que diz respeito ao: (a) Dia
do Senhor Jesus Cristo; (b) Dia do Senhor, Cristo ou Filho do homem; (c) Dia de
Deus ou do Senhor: no sentido próprio; (d) Dia do Senhor, do texto em foco:
(aa) O Dia do Senhor Jesus Cristo. O dia do Senhor Jesus se relaciona
exclusivamente com o arrebatamento da Igreja; (bb) O dia de Cristo, do Senhor
ou do Filho do homem, está relacionado com seu retorno à terra com poder e
grande glória; (cc) O dia de Deus ou do Senhor, no sentido próprio, está
relacionado com o Juízo Final; (dd) dia do Senhor do texto em foco, está
relacionado com o dia da ressurreição de Cristo. A presente expressão “dia do
Senhor”, significa; “O dia da Ressurreição” do Senhor Jesus Cristo, visto que,
a expressão “Senhor Jesus” só ocorre no Novo Testamento depois da sua
ressurreição (Lc 24.3), sendo identificado entre os cristãos como “o primeiro
dia da semana” (Mc 18.9). Para o cristianismo o primeiro dia da semana,
contrasta bastante com o sétimo (o sábado): O sábado recorda o descanso de Deus
na criação (Êx 20.11; 31.17); o domingo a ressurreição de Cristo (Mc 16.1,9). No
sétimo dia Deus descansou; no primeiro dia da semana Cristo esteve em atividade
incessante. O sábado comemora uma criação acabada; o domingo rememora uma
redenção consumada. O Dr. C. I. Scofield declara que “o sábado era um dia de
obrigação legal para Israel; o domingo, o culto espontâneo para o cristão. O
sábado é mencionado nos Atos dos Apóstolos somente com referências aos judeus,
e no resto do Novo Testamento, só duas vezes (Cl 2.16 e Hb 4.4). O sábado era
um dia de repouso total para Israel; para o crente em Cristo, esse repouso teve
lugar no momento que ele aceitou Cristo como Salvador. Hb 4.3”.
2. Voz como de trombeta. João, focaliza aqui: “grande voz, como...”. A
palavrinha: “como” significa que João tenta descrever o indescritível. Por isso
a palavrinha “como” aparece aproximadamente setenta vezes no Apocalipse. (Cf
1.10, 14, 15, 16; 2.27; 3.3, 10, 17, 21; 4.1; 5.6; 6.1, 12, 13, 14; 7.
(ausente); 8.8; 9.2, 3, 7, 8, 9, 17; 10.1, 3, 7, 9; 11. (ausente); 12.15; 13.2,
3, 11; 14.2, 3, 4; 15. (ausente); 16.3, 6.15, 18; 17.12; 18.6, 21; 20.2, 11,
16, 21; 22.1). Além disso ele utiliza-se também da expressão como “semelhante”.
Aqui trata-se, portanto, de um som sobrenatural e assustador, que contém tudo.
11. “Que dizia: O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete
igreja que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmina, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a
Sardo, e a Filadélfia, e a Laodicéia”.
I. “...O que vês, escreve-o num livro”. A ordem de escrever
ocorre por treze vezes neste livro. (Cf 1.11, 19; 2.1, 8, 12, 18; 3.1, 7, 14;
10.4; 14.13; 19.9; 21.5). A ordem ocorre uma vez em cada uma das sete cartas. O
intuito do Senhor Jesus Cristo era que a revelação fosse preservada para as
gerações seguintes; e até hoje a forma escrita é a melhor maneira de preservar
uma comunicação.
1. O leitor deve observar bem a frase “escreve-o num livro, e envia-o”.
Isso nos dá entender que não só a carta endereçada a igreja devia ser lida, mas
também todo o conteúdo do livro que encerrava a visão (.13). O Dr. Russell
Norman Champrin, observa que a posição geográfica onde se encontravam essas
igrejas, formavam um CÍRCULO. As cidades foram numeradas partindo de Éfeso, na
direção Norte, para Esmirna (64 quilômetros); daí para Pérgamo, 80 quilômetros
ao norte de Esmirna; então, atravessando 64 quilômetros para sueste, até
Tiatira, descendo, então, 80 quilômetros para Sardo; daí para Filadélfia a 48
quilômetros a sueste de Sardo; então Laodicéia a 64 quilômetros a sueste de
Filadélfia.
12. “E virei-me para ver quem falava comigo. E virando-me, vi sete
castiçais de ouro”.
I. “...E virei-me para ver quem falava”. A poderosa voz “como de
trombeta” que ouvira no verso anterior, à semelhança do Monte Sinai, ai cada
vez mais aumentando (Êx 19.19), João se volta para ver de onde partia a voz, e
teve a sua primeira visão: “sete castiçais de ouro”. No santo lugar do templo
dos judeus havia um único castiçal com sete braços, recebeu destaque,
aparentemente representando Israel (Zc 4.2). Na visão de João os castiçais
representavam as igrejas, que agora era a luz do mundo (Mt 5.13). Apesar de ter
o Castiçal da antiga aliança sete braços, mesmo assim eram ligados por uma só
peça (o pedestal). Israel, mesmo dividido geograficamente em doze tribos,
contudo, eram ao mesmo tempo unidos por um só pedestal: A Lei do Senhor (Nm
9.14). Na Nova Aliança o Senhor Jesus interpretou para João que os sete
castiçais representam as “sete Igrejas” (v. 20).
13. “E no meio dos sete castiçais um semelhante ao Filho do homem,
vestido até aos pés de um vestido comprido, e cingido pelos peitos com um cinto
de ouro”.
I. “...no meio”.Em cada cena do Apocalipse, Cristo sempre aparece
como a “Figura Central”: no “meio”. Ele é visto no “meio” dos sete castiçais de
ouro (1.13); no “meio” da igreja de Éfeso, em uma nova visão (2.1); no “meio”
do trono (5.6); no “meio” do trono novamente numa visão posterior (7.17). Isto
demonstra que, o grande livro de Deus a ser focalizado tem como central nosso
Senhor Jesus. Isto é, aquele que viveu e andou entre os homens, contudo, sempre
no “meio” (Mt 18.20; Jo 19.18; 20.19; 1 Tm 2.5). Agora, porém, no Apocalipse é
um quadro do Cristo da atualidade. É um quadro de Cristo, o Filho Eterno, que
está assentado no “meio do trono” à direita de Deus.
1. Filho do homem. Este título, que freqüentemente é aplicado à pessoa
de Cristo, lembra sua humanidade (Jo 1.14). Cerca de 79 vezes esta expressão
ocorre somente no Novo Testamento e com exclusividade, nos Evangelhos, e vinte
e duas vezes no livro do Apocalipse. Em Ezequiel (por toda a extensão do
livro), a frase é empregada por Deus 91 vezes. Este título: O Filho do Homem
(Jo 3.13) havia se tornado uma figura messiânica mais corrente. Motivo porque
um exame dos textos evangélicos permitem, quase sem possibilidade de erro,
preferir que, ao designar-se “Filho do Homem” o Senhor Jesus escolheu esse
título, evidentemente, menos comprometido pelo nacionalismo judaico e pelas
esperanças bélicas. Havia também uma esperança judaica do “Homem dos últimos
tempos” (Cf. Rm 5.12-21; 1 Co 15.22, 45, 47; 2.5-11).
2. Vestido até os pés. Esta visão inicial que João recebeu não
referia-se à graça pastoral de Cristo, mas à sua autoridade judiciária. “É por
isso que o Apocalipse deve ser visto como o livro do juízo. “Juiz” e “Juízes”
aparecem 15 vezes no livro”.
A veste comprida de Cristo era uma vestimenta talar, usada
exclusivamente pelos sacerdotes e juízes no desempenho de duas funções. É isso
realmente, a dupla função do Filho de Deus atualmente (2 Tm 2.8 e Hb 3.1). “O
cinto de ouro cingido a altura do peito era também usado elo sacerdote quando
este ministrava no santuário, estava à altura do peio e não nos rins, para
ajustar as vestes de modo a facilitar os movimentos; assim, quando o cinto está
em volta de seus lombos, o serviço é proeminente. (Cf. Jó 38.3; Jo 13.4, 5),
mas quando o cinto está em volta do peito implica juízo sacerdotal dignificado,
coisas que são inerentes ao Filho de Deus tanto no passado como no presente. Na
simbologia profética das Escrituras Sagradas aponta também: a pureza, a
inocência de Cristo (Sl 123.9).
14. “E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a
neve, e os seus olhos como chama de fogo”.
I. “...sua cabeça e cabelos eram brancos”. O leitor deve observar
como as Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe: O
Senhor Jesus é o Filho do “Ancião de dias”, e por cuja razão deve ter a mesma
natureza do Pai. Assim, o texto em foco, é similar a passagem de Daniel 7.9:
“Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se
assentou: o seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da sua cabeça como a
limpa lã...”. Ele (Jesus) é aquele que morreu com 33 anos de idade, depois de
levar os nossos pecados na cruz e suportar uma eternidade de dores. Tem cabelos
brancos como a neve. Entre o povo de Deus, a “Coroa de honra são as cãs...” (pv
16.31a). Certamente a alvura da cabeça e cabelos de Cristo provém, em parte, da
intensidade da glória celestial e em parte da sabedoria e, idoneidade moral.
Assim, a brancura de seus cabelos, aqui, não significa velhice, antes, sugere a
eternidade, indicando também Pureza e Divindade.
15. “E os seus pés, semelhante a latão reluzente, como se tivesse
sido refinados numa fornalha, e a voz como a voz de muitas águas”.
I. “...os seus pés, semelhante a latão”. No verso 11 do presente
capítulo, encontramos Jesus vestido de uma vestimenta talar. A sua veste “ai
até aos pés”, mas não os cobria. Doutra forma não teria visto as marcas dos
cravos e adorado a seu Senhor, cuja forma glorificada estava adequadamente
vestida. Ele estava vestido com a linda roupa do Grande Sumo Sacerdote. “...Os
seus vestidos se tornaram brancos como a luz” (Mt 17.2). João enfatiza que
estes pés reluziam como se “tivessem sido refinados numa fornalha”.
1. No campo espiritual realmente isso aconteceu com o Filho do homem
durante a sua vida terrena. Ele passou pela fornalha do sofrimento, e foi
provado no fogo do juízo de Deus. (Cf. Lc 22.44; Hb 5.7). Além de outros
sacrifícios apresentados na antiga aliança que tipificava a Cristo sofrendo até
a morte, em lugar do pecador. Tomamos aqui como exemplo a oferta de manjares:
“Em Lv 2. a oferta de manjares tipifica Cristo nas Suas próprias perfeições, e
na Sua dedicação a vontade do Pai. A flor da farinha fala de igualdade e
equilíbrio no caráter de Cristo; o fogo, de Ele ser provado pelo sofrimento até
a morte de cruz. O incenso, representa a fragrância de Sua vida perante Deus; a
ausência de fermento, representa o caráter de Cristo, como a verdade; a
ausência de mel; que Nele não havia a mera doçura natural que pode existir sem
a graça de Deus na vida de alguém. Azeite misturado, Cristo nascido do Espírito
Santo; azeite untado, Cristo batizado pelo Espírito, a frigideira, os
sofrimentos mais evidentes de Sua vida; o sal, o sabor da graça de Deus na vida
de Cristo: o que faz parar a ação do fermento; o forno, os sofrimentos ocultos
de Cristo – consolidados no túmulo: a fornalha final”.
2. A sua voz como a voz de muitas águas. Em sentido geral, o Apocalipse
é o livro de grandes vozes e são elas que trazem as mensagens: (Cf.1.10, 12,
15; 3.20; 4.1; 5.2, 11, 12; 6.6, 7, 10; 8.13; 9.13; 10.3, 4, 7, 8; 12.10; 14.2,
7, 13 e 15; 16.1, 17; 18.2, 4, 17; 18.2, 4, 22; 19.1, 5, 6, 17; 19.1, 5, 6, 17;
21.3). Em sentido similar, a sua voz do anjo, em Dn 10.6, se assemelhava à de
“uma multidão”. Tal como aqui, a voz de Deus, em Ez 43.2, é como a de “muitas
águas”. O autor continua atribuindo, o sentido da voz, a pessoa de Cristo, como
aquilo que o Antigo Testamento, diz acerca de Deus Pai. Em Ap 14.2 repete-se o
simbolismo da figura da voz como de “muitas águas”. Ao que é adicionado “um
grande trovão”. Em Ap 19.6 a voz é a de uma “multidão” e também de “muitas
águas” e de “grandes trovões”. Seja como for, tudo na esfera celestial, se reveste
de primeira grande e é elevado a terceira potência!
16. “E ele tinha na sua desta sete estrelas; e da sua boca saía uma
aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força
resplandece”.
I. “...na sua desta sete estrelas”. Dois pontos
importantes devem serem analisado no presente versículo: as sete estrelas; o
rosto do Filho do homem:
1. As sete estrelas. Sobre a presente expressão: “as estrelas”, existem
várias interpretações, sendo que, duas delas, são aceitas no campo teológico e
a segunda, sem exitação:
(a) As sete estrelas (anjos), são instrumentos nas mãos de Cristo, seres
angelicais literais, que ministram à Igreja, controlando seus ministros, e,
pelo menos em alguns casos, servindo de mediadores dos dons espirituais. Por
extensão dessa idéia, podemos supor que todas as comunidades locais dos crentes
contam com os seus próprios anjos guardiões...”. (Cf. Sl 34.7; 1Co 11.10).
(b) As sete estrelas na mão direita do Senhor, são interpretadas por
Jesus como sendo os “sete anjos (pastores) das sete igrejas” da Ásia Menor. Cf.
v. 20. Este sete “mensageiros”, foram homens enviados pelas igrejas da Ásia
para saberem do estado do velho Apóstolo, então um exilado em Patmos
(compare-se Fl 4.18); mas (sendo na sua volta portadores das “sete cartas”)
pode figurar também em nossos dias um ministro de Deus portando uma mensagem
especial para uma igreja. A palavra “anjo” é apenas transliteração do grego
para o português e significa “mensageiro”. É portanto, o pastor ou pastores que
aqui estão em foco.
2. Seu rosto era como o sol. As igrejas são castiçais; seus ministros
são estrelas; mas Cristo é o sol (Ml 4.2). Ele é para o mundo moral, o que o
sol é para o mundo físico. A luz do rosto de Jesus Cristo é tal que na nova
Jerusalém “não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol...” porque “...o
cordeiro é a sua lâmpada” (Ap 21.23; 22.5). Num contexto geral do significado
do pensamento, o rosto dos justos resplandece como o sol (Mt 13.43), o que
também sucede no caso dos anjos (Ap 10.1).
17. “E eu, quando o vi, caía a seus pés como morto; e ele pôs sobre a
sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último”.
I. “...não temas”. O presente versículo, mostra João caindo aos pés
do Filho de Deus, como Paulo no caminho de Damasco (Ap 9.4), porém às vozes nos
dois episódios são completamente diferentes: a primeira diz “porque me
persegues?”, a segunda diz “não temas”. Estas palavras, observa o Dr. R. N.
Champrim, podem ser comparadas a Dn 10.10,12; e confrontadas com (Is 44.2; Mt
14.2; 27.7; Lc 1.13 e 30). Para a igreja de Esmirna, há também uma expressão
encorajadora da parte de Cristo para aquela igreja sofredora: “nada temas”.
Esta expressão equivale no grego do Novo Testamento, “não temas”, ocorre cerca
de 365 vezes nas Escrituras (uma para cada dia). Essa ordem é dada a fim de
consolar (Mt 14.27; Jo 6.20; At 27.24); ela servia também para relembrar a
João, que seu Senhor o conhecia e se interessava profundamente por ele em meio
ao sofrimento. Para nós, o Senhor tem a mesma mensagem de amor e firmeza:
“Tende bom ânimo! Sou eu. Não temas” (Mt 14.27). Agora, o apóstolo declara:
“porém ele pôs sobre mim a sua destra (mão direita), dizendo-me: “não temas”.
Faz, então, uma declaração de amor, tranqüilidade e poder. (Is 44.2).
18. “E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo
sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno”.
I. “...E tenho as chaves da morte e do inferno”. Isso
significa autoridade suprema sobre qualquer força do mal (Mt 16.18; 28.18; Cl
2.15). Neste livro, Cristo não só tem as chaves da morte e do inferno, mas
também “a chave de Davi” (Ap 3.7), e por conseguinte, no Novo Testamento:
“...as chaves do reino dos céus” (Mt 16.19). É evidente que, enquanto o Senhor
estava aqui na terra, Ele tinha em suas mãos “as chaves do reino dos céus”;
isso pode bem ser entendido na expressão do próprio Jesus ao dizer a Pedro: “Eu
te darei (no futuro) as chaves...”.
1. “A interpretação comum é que as chaves dadas a Pedro representam a
essencial honra que lhe foi concedida: a de ser o primeiro a anunciar o
Evangelho aos judeus: (no dia de Pentecostes) e aos gentios: (na casa de
Cornélio), tendo sido o Espírito Santo dado do céu em cada uma dessas ocasiões
(At capítulo 2 e 10). Pedro mesmo descreveu seu privilégio assim: “Deus me
elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do
Evangelho, e cressem” (At 15.7). Assim ele anunciou o perdão dos pecados a
todos os que crêem, e semelhantemente tal autoridade de Deus foi conferida não
só a Pedro mais aos demais discípulos do Senhor (cf. Jo 10.23)”. O Dr. Geo
Goodman declara: “É comum salientar o lugar de Pedro no dia de Pentecostes,
abrindo o reino aos judeus, e depois, na pessoa de Cornélio, aos gentios.
Podemos admitir que ele ocupava um lugar eminente entre seus colegas, enquanto
que negamos que lhe fosse um lugar exclusivo”.
2. O Dr. Graham Scroggie observa: “E de fato não podemos excluir os
outros Apóstolos no dia de Pentecostes; nem caso de Cornélio podemos concordar
que esse fosse o único uso das chaves com relação aos gentios, nem admitir que
fosse necessário outra chave diferente daquela que abrira o Reino aos judeus.
Um só ato não havia de esgotar o uso da chave, nem seriam duas chaves para abrir
a porta duas vezes. Podemos entender que a porta, uma vez aberta, assim
permaneceu para nunca mais precisar da chave? Pelo contrário, creio que se pode
demonstrar concludente que a administração do Reino, simbolizada por estas
chaves, ainda não terminou: não findou num só ato inicial de autoridade. Os
homens ainda recebem o Reino e são recebidos no Reino, e o Reino é a esfera do
discipulado, então a chave é, de fato, somente autoridade”.
3. Podemos entender que depois da porta do Evangelho está aberta para os
gentios, Deus através de sues discípulos abriu uma nova porta para eles, os
gentios: a porta da FÉ (At 14.27). “Ora, as chaves, e não simplesmente uma
chave; e se o nosso pensamento é acertado nesta forma de interpretação, isto
significa uma dupla maneira de admitir. A primeira é que o Senhor chama “a
chave da ciência” a qual Ele diz que os doutores da lei tiram do povo (Lc
11.52). Semelhantemente Ele denuncia os fariseus por fecharem o Reino dos céus
contra os homens: “Nem vós entrais nem deixais entrar os que estão entrando”
(Mt 23.13). Pedro não recebeu as chaves da Igreja, mas do reino. Uma chave é
sinal de autoridade (Is 22.22), e que o poder de “ligar e desligar” significava
para Pedro, significava também para os outros discípulos (Mt 18.18; Jo 20.23).
Ligar e desligar, na linguagem rabínica, queria dizer: permitir ou proibir, e é
isto que a Igreja tem feito desde os dias dos Apóstolos até a presente era (Jo
20.23; 1Co 5.4-5; 2Cor 5.18-19). - Apocalipse
- Versículo por Versículo Autor: Severino Pedroda Silva Editora: CPAD Ano: 2002
Em Cristo.
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